Viva o casamento, texto de Fernando Gomes inspirado na novela de Eça de Queirós Alves & cia., é aqui levado a cena por Luís Pacheco, numa clara continuação da linha do autor.
Mais que a história contada, o que viemos ver e levamos para casa é a construção das personagens, na sua teatralidade, as recorrências cómicas e a muito bem conseguida comédia dos momentos musicais.
Em Viva o casamento faz-se uma ode ao amor, mais concretamente ao que a irracionalidade que lhe é inerente provoca. Alfredo Pato, ansioso por surpreender a esposa no seu aniversário de casamento, acaba por ser surpreendido por outra evidência do amor, na qual não está incluído. A partir daí a defesa da honra impõe-se mas apenas enquanto valores mais altos não se sobrepõem, como o de manter as aparências. Opta-se pelo esquecimento porque afinal "tudo se esquece quando é perigoso lembrar".
A cumplicidade entre as duplas Glória e Lurdes, Teles e Carvalho e sobretudo Pato e Salvaterra é deliciosa e o espalhafato, os trejeitos e os tempos cómicos que nos oferecem garantem o sucesso do espectáculo.
Sim, há momentos mais directos e populares no texto e na encenação, mas há também incontornáveis apontamentos de muito bom trabalho de actor que garantem gargalhadas em todo o tipo de público. É uma boa comédia e isso, apesar da ligeireza associada à palavra, é das coisas mais difíceis de conseguir.
De sublinhar ainda que todos os outros elementos do espectáculo, desde o cenário aos figurinos, acessórios, luz e música são fundamentais para a sua credibilidade que nos transporta para os anos 60 em Lisboa e para um bom momento de teatro!
Viva o casamento em cena:
6ª e Sábado às 21:30h
Até 1 de Março
Pela Arte Viva - Companhia de Teatro do Barreiro
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