Cluedo


A proposta de estreia da Don’Adelaide produções é um cluedo humano. O público é dividido em equipas de investigação, recebe um relatório com todas as informações sobre o crime e parte em busca do culpado através de entrevistas com os suspeitos que estão espalhados pela Comuna.



A ideia é nova em teatro, apesar de já existirem propostas semelhantes ao nível da animação. Aqui, tem a vantagem de serem actores profissionais a interpretar e de dar a conhecer alguns espaços (poucos) a que normalmente não temos acesso naquele teatro.

Para o público é uma experiência diferente e a qualidade de cada apresentação também vai depender de cada participante, de cada investigador, o que pode ser intrusivo para quem não vai pronto a participar activamente, mas é sem dúvida divertido se nos dispusermos ao jogo e entrarmos também um pouco em personagem.

Quanto aos actores, é pena que não tenham uma interpretação mais trabalhada, o que se compreende pelo nível de improvisação a que estão sujeitos. De qualquer forma, todas as personagens estão construídas e são todas interessantes para a conclusão do espectáculo.
De tal forma está construída a cena que o que nos pode levar à resolução do caso baseia-se mais em empatias pessoais do que no discurso das personagens ou nas provas, uma vez que as personagens, tal como vemos nos filmes, estão todas criadas para sustentar uma história que podia perfeitamente ser real.

Quanto a nós, é precisamente aí que está o interesse desta experiência, trata-se da análise de pessoas criadas feita por pessoas que adorariam fazer parte do CSI, mas que na verdade, estão sujeitas a perder o raciocínio lógico quando confrontadas com certos feitios, trejeitos ou emoções.

Recomenda-se, sem dúvida, a quem gosta da interacção com a cena, do improviso, e de ter que se mexer, figurativa e literalmente.





Sendo assim, seria bastante interessante se o assassino mudasse a cada sessão. Bem, quem sabe se não muda mesmo?







Com: Anaísa Raquel, Joana Almeida, João Cruz, Telmo Mendes e Carlos Paiva.
Às Terças de Julho, na Comuna.

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Meet The Author

Rita Branco Jardim é actriz de formação e escritora de inspiração. Começando pelos diários adolescentes e pelos embaraçosos concursos de escola, foi crescendo enquanto escrevia poesia, prosa poética e pequenas peças de teatro. Autora de blogs pessoais e culturais, criou o Sobre as Cenas, inicialmente apenas ligado à crítica de teatro mas que quer agora estar mais aberto a outro tipo de textos: os avulsos. Neste momento, escreve no Sobre as Cenas sobre teatro e o que mais lhe der na real gana. Bem-vindos ao Sobre as Cenas!