Olhar para Timão de Atenas é voltar a olhar para o tempo shakespeariano e daí para a Grécia antiga através do texto e, como tal, o que daí poderemos tirar de actual é a mensagem, como costuma acontecer com as coisas grandes que ficam para a História.
Aqui ficamos com a história de um homem grande de Atenas que passa da adoração do próximo à misantropia selvática. O que o faz dar o salto é aperceber-se que os interesses do ser humano nem sempre são os mais nobres, aliás, centram-se sobretudo no egoísmo, ambiçao e oportunismo.
Se podemos dizer que este é um tema actual, no sentido em que o vivemos actualmente? Sim, podemos.
Achar que isso pode ter algum interesse é que pode ser infantil.
Hoje não é o tempo de descobrir que o Homem é mau ou que as pessoas com mais meios de qualquer tipo são também as pessoas rodeadas de mais pessoas.
O que é bom neste espectáculo é ver bons actores trabalhar um excelente texto, numa encenação simples, clássica, que permite a tudo o resto brilhar.
É o teatro clássico com tudo o que tem, até os apartes.
Além disto, de destacar o momento deus ex machina da descoberta do ouro, mecanismo já utilizado por Shakespeare noutras peças e ainda a junção, na encenação, cenografia e figurinos, de elementos contemporâneos num texto que marcadamente nos transporta para um passado longíquo.
De resto, aqui fica um diálogo a que assisti na sessão de hoje, entre espectadores domingueiros, para interpretação livre:
"- É espantoso como o texto é actual, não acha?
- Não, por acaso não acho, acho que eles estão a tentar representar a Grécia Antiga"
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