Tal como diz o autor da peça, Vicente Alves do Ó, o texto é bastante fácil e exige pouco de quem está em palco, o que muitas vezes se torna mais difícil para os actores, podem ter tendência a encher os espaços que deviam permanecer vazios e esquecer que menos, é mais.
Neste caso, isso é sobretudo visível na interpretação de Márcia Cardoso que não consegue conter algumas onomatopeias, interjeições ou revirar de olhos que lhe vão sujando a personagem. No entanto, há que sublinhar a beleza e potência da voz e a clareza na dicção da actriz, que termina muitas vezes em gargalhada desconcertante.
O actor Ricardo Barbosa tem uma postura mais firme, mais assertiva, dá mais calma às cenas, tendo ele e dando-nos a nós mais tempo de reacção.
A encenação também não parece ajudar os actores, deixa-os "à solta" em cena, o que por vezes se torna distractivo para o público.
Quanto à mensagem, é transmitida de forma simples apesar de tocar questões pertinentes.
Lá porque crescemos, não devemos esquecer o que nos faz sonhar e não devemos deixar que a realidade do consumo nos afaste dos nossos ideais. Não devemos adormecer na vida, mas continuar sempre a questionar, a procurar aquilo que verdadeiramente nos toca.
Neste caso, agradecem-nos por termos ido ao teatro, por ainda resistirmos ao apagão da cultura, por sonharmos, com eles.
Enquanto público, agradeço qualquer momento que faça sonhar, esquecer a realidade ou levar com ela, mas para a magia acontecer é preciso exigência, dos dois lados do palco. Não aconteceu.
Se não acreditamos naquilo que acreditávamos na infância, se o que nos distingue dos animais é a imaginação e mesmo assim decidimos esmagá-la com a realidade, então o que é que nos move?
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