P'la noite dentro

Aurora Boreal nasce de uma adaptação de Dylan Thomas feita por Mariana Bennet para a apresentação final do seu mestrado na ESTC. Está em cena no Teatro Taborda dia 5 e 6 de Julho.


Quem conhece o Teatro Taborda sabe da inesquecível vista sobre Lisboa e do espaço idílico que o envolve. Aurora Boreal aproveita precisamente esse espaço, transforma as colinas lisboetas no Bosque de Leite e cria vidas, sonhos em cada recanto, servindo ao público um cenário insuperável.

É uma encenação frenética, imparável, um motor que liga e não pára até ao fim e que o público é obrigado a seguir, literalmente, pelo texto, pelo espaço, pela dança, pela vista.
O aproveitamento de todo o espaço, a condução do público por dentro do espectáculo é uma aposta muito boa, apesar de por vezes não ser muito claro o que nos cabe a nós fazer.
A sequência de histórias, imagens e personagens mostra muito boas ideias, surpreendentes e engraçadas, apesar de a passagem entre elas ainda não estar, por vezes, muito orgânica.

Recriar os sonhos de uma vila inteira é o que é proposto a apenas quatro actores e um furacão de acessórios e ideias em catadupa. E eles fazem-no, sem medo, sem hesitar, sem se perderem e com um bom controle do espaço, cena e público. As personagens vão surgindo em sequência e a versatilidade exigida é impensável mas bem conseguida na maioria das vezes. Precisamos talvez de mais tempos de afirmação de cada cena, para poderem ser mais bem aproveitadas como merecem.

É um espectáculo diferente do habitual, uma experiência sensorial que mantém constantemente o público alerta enquanto vai percorrendo o sonho da vila com um sorriso nos lábios.



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Meet The Author

Rita Branco Jardim é actriz de formação e escritora de inspiração. Começando pelos diários adolescentes e pelos embaraçosos concursos de escola, foi crescendo enquanto escrevia poesia, prosa poética e pequenas peças de teatro. Autora de blogs pessoais e culturais, criou o Sobre as Cenas, inicialmente apenas ligado à crítica de teatro mas que quer agora estar mais aberto a outro tipo de textos: os avulsos. Neste momento, escreve no Sobre as Cenas sobre teatro e o que mais lhe der na real gana. Bem-vindos ao Sobre as Cenas!