Na nova produção da Comuna é o público que entra na cena, caindo a quarta parede logo desde o primeiro momento, nós fazemos parte do que se vai passar, o nosso julgamento vai ser posto à prova - faremos parte da maioria ignóbil ou julgá-la-emos?
A encenação vai explorar muito bem este envolvimento físico e emocional do público, podendo levar os mais incautos a uma efectiva participação na assembleia popular que se prepara. Torna-se claro que o encenador quer trazer o texto e a sua mensagem para a actualidade, que nos sintamos parte dele, quer talvez que o tragamos para a nossa vida, quer talvez que tentemos agir.
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Bruno Simão |
Os actores imprimem à peça um ritmo enérgico e uma tensão latente muito interessantes, tendo em conta a profundidade do texto. A maioria das interpretações é bastante consistente e chega às camadas necessárias a personagens que são tudo menos superficiais e lineares. Destaca-se a interpretação de Frederico Barata, que conseguiu agarrar o público, ao longo de todo o espectáculo, aos apontamentos cómicos da sua personagem, nunca perdendo a profundidade exigida.
É muito bem construída a evolução das personagens, as suas mudanças, as suas dúvidas. Os dilemas morais em que se dividem tornam relativa a importância da verdade, passando a estar relacionada com egoísmo e leviandade, contrapondo-se à importância do bem comum, construído de tantos interesses particulares, mas sobretudo da inconsciência das massas.
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Bruno Simão |
itinha:gosto da tua crítica,embora o espactáculo não me tenha galvanizado muito.Contudo,eu dou a mão à palmatória,como se costuma dizer,pois a minha opinião é frequentemente contagiada,para além da interpretação dos actores,pelo tema tratado;e este já é tão recorrente que enfim...
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